A citação acima, parte da minha tese de Doutorado Invisível sutil e palpável, Shén nas dimensões Diagnose e Terapêutica da Racionalidade Médica Chinesa, revela a minha inclinação profissional no caminho das abordagens clínicas Pratica Integral em Saúde e Medicina Chinesa, já que ambas comungam de semelhante paradigma de pensamento médico:

  • Entendimento da Saúde como um processo
  • Busca de fatores causais de adoecimento
  • Terapêutica ampla
  • Relevância do papel do indivíduo nesse processo
  • Busca  do caminho da auto-regulação
  • Respeito a coerência do sistema vivo.

A Medicina Chinesa já dispensa apresentações no ocidente. A ponto de em 2010, a Acupuntura, uma de suas técnicas, ter sido considerada “Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade”, pelo Comitê Intergovernamental para Garantia do Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade, da UNESCO.

Suas bases teóricas datam de cerca de 5.000 anos e até hoje perpassam todas as suas técnicas terapêuticas, quais sejam:

  • Acupuntura 
  • Fitoterapia 
  • Dietética Energética 
  • Massoterapia
  • Praticas corporais

A correlação do micro cosmos (pessoa) com o macro cosmos (universo, meio ambiente, natureza) é de fundamental importância em suas bases teóricas. Entende-se que todos somos parte da natureza e tudo que ocorre do lado de fora também acontece no interior do corpo, em correlações específicas entre função de órgãos e vísceras e fatores climáticos, estações do ano, tipos de alimentos, emoções, cores, sabores e muito mais.

Funcionamento corporal, funções de órgãos e vísceras e emoções estão intimamente relacionados, de forma tão intrincada que se interferem mutuamente. Como se a teoria da Medicina Chinesa rompesse com a dicotomia mente-corpo ou até com a psico-somática em uma via apenas, mas entendesse que também as questões somáticas interferem nas questões psíquicas ou emocionais. Assim:

  • Coração-Intestino Delgado – Alegria
  • Baço-Pâncreas-Estômago – Preocupação
  • Pulmão e Intestino Grosso – Tristeza
  • Rim- Bexiga – Medo
  • Fígado-Vesícula Biliar – Raiva

Cada um desses fatores pode incrementar ou agredir funções orgânicas.  Assim, através de rigoroso processo de observação de fenômenos da natureza e de sinais e sintomas é traçada toda a Diagnose e Terapêutica. Traçado o Diagnóstico, se institui a Terapêutica dentro de uma, ou do conjunto das técnicas da Medicina Chinesa.

Além da Acupuntura, a terapêutica na Medicina Chinesa utiliza a Fitoterapia (Ervas Medicinais), Dietética e Práticas Corporais, como Qi Gong, Tai Chi Chuan

Técnica mais conhecida no ocidente. Trata-se de inserção de finas agulhas em pontos específicos do corpo sobre os chamados meridianos, diretamente ligados aos Zàng-Fǔ, órgãos e vísceras corporais e por onde circula o Qì, energia vital, deles proveniente. O Qi está presente em todos os seres vivos. Se há Qì há vida, se não há Qì há morte. O objetivo da acupuntura é atuar no fluxo de Qi, tonificando nos casos de deficiência, dispersando nos casos de sobrecarga ou restabelecendo sua circulação nos casos de estagnação, melhorando a condição de órgãos e vísceras e da saúde de maneira geral. Caso necessário, associa-se a Moxabustão, combustão da erva Artemisia, aproximando-se da pele e aquecendo a área que se pretende tratar, isoladamente ou sobre as agulhas de acupuntura inseridas no corpo. As agulhas são obrigatoriamente descartáveis e desprezadas no final da sessão. Em média uma sessão de Acupuntura dura cerca de 60 minutos. No meu consultório só atendo 01 paciente por hora.

Trata-se  uso de matéria vegetal, mineral ou animal no tratamento de doenças. Sua prática é mais antiga do que a acupuntura e muito difundida na China. As indicações de uso são semelhantes as da Acupuntura, mas pode também atuar mais profundamente no organismo. Usada normalmente sob a forma de chás, embora na China se encontre, ainda, em pastas, massas e cápsulas. No ocidente consegue-se importar o material para chás e algumas farmácias já disponibilizam sob a forma de cápsulas. Com a diversidade de espécies de plantas medicinais no Brasil, já temos muitos estudos que relacionam as categorias do Diagnóstico em Medicina Chinesa com fitoterápicos brasileiros, com bons resultados.

Trata-se do consumo de alimentos, conforme suas propriedades terapêuticas específicas, segundo diagnóstico próprio da Medicina Chinesa. Ou seja, os alimentos são categorizados por suas propriedades Yīn Yáng, Wǔ Xíng, Cinco Fases e atuação sobre Zàng-Fǔ, Órgãos e Vísceras e indicados como Terapêutica. Por exemplo, os alimentos que nascem debaixo da terra, os de sabor adocicado são utilizados para tonificar o elemento Terra das Cinco Fases, Baço-Pâncreas e Estômago.

É a terapia manual, massagem, sobre os meridianos corporais. A mais difundida na China é o Tui Na. Segue os mesmos meridianos e pontos de acupuntura. Dependendo da maneira como aplicado, também possui propriedades de tonificação ou dispersão. Utilizado em adultos e crianças.

Trata-se de séries de exercícios e movimentos corporais discretos, associados à respiração e à meditação. Visam interferir no fluxo de Qì dos meridianos corporais. No ocidente o mais conhecido é o  Tai Chi Quan ou Tai Chi Chuan, considerado uma arte marcial chinesa, seus princípios teóricos e filosóficos se alicerçam, sobretudo no Taoísmo.  Outra prática é o Qi Gong ou Qi Kun ou Chi Kung, que preconiza posturas estáticas ou movimentos discretos sempre associados à respiração e a estados meditativos.